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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

VIDA SOMBRIA - UMA OUTRA VISÃO......

DETECTANDO A BIOSFERA SOMBRIA
SALA DE ESTUDOS

Não é nenhuma loucura supor que a Terra possa ser o lar de descendentes de uma biogênese alternativa que produziu organismos cuja tecnologia de que dispomos não é capaz de detectar. Essas possíveis formas de vida habitariam aquilo que chamamos de biosfera sombria — formas de vida alienígenas de constituição sem paralelos que vivem e se reproduzem neste planeta desde a sua formação.

A palavra sombria é usada para descrever esse fenômeno porque as únicas pistas da existência de uma biosfera alternativa são os resquícios deixados por seus possíveis habitantes em aspectos ambientais mensuráveis pela tecnologia disponível atualmente. É por isso que é tão difícil provar a existência desses micro-organismos.

Sob o microscópio, muitos organismos unicelulares que sabemos ser diferentes parecem muito semelhantes. Quando analisados com uma ferramenta mais sofisticada, no entanto, as distinções mais sutis se tornam visíveis. Atualmente, os microbiologistas podem usar métodos de sequenciamento genético e técnicas de contraste como a DAPI para descobrir mais novas formas de vida do que nunca. Mas essas ferramentas ainda têm um escopo limitado. Outro problema é que só conseguimos cultivar em laboratório menos de 1% dos microrganismos conhecidos, e as comunidades microbiológicas são extremamente diversas.

Levando em conta a forma como supomos que a vida surgiu na Terra, faz sentido achar que existam milhares de formas de vida ainda não descobertas.

Existem fortes evidências para sustentar a teoria de que toda a vida terrestre surgiu a partir de um ancestral comum. Todo material biológico é composto de proteínas que contêm longas cadeias com os mesmos 20 aminoácidos, mas existem mais de 100 aminoácidos que poderiam ter gerado vida sob condições ideais. Sabemos também que toda a vida conhecida na Terra teve origem no mesmo código genético, o mesmo esqueleto fosfato-açúcar e as mesmas quatro bases nucleotídicas do RNA e do DNA. Outro fato conhecido é que meteoritos trouxeram à Terra aminoácidos que não são usados nas formas de vida que conhecemos. Dos 80 aminoácidos identificados em meteoritos, apenas oito são usados pelas formas de vidas terrestres conhecidas. Com tantos aminoácidos disponíveis, é surpreendente que a vida se restrinja a apenas 20. Então por que a vida se vale dessa sequência de açúcares, aminoácidos e bases nucleotídicas em particular, e não de alguma outra configuração? A explicação mais razoável parece ser que as condições químicas nos primórdios da Terra ditaram essas restrições.

Além disso, temos evidências de que uma vez estabelecidas as condições ideais, a vida na Terra se desenvolveu rapidamente. Se isso for verdade, existe uma boa possibilidade de que a natureza tenha tentado combinar diferentes aminoácidos e bases nucleotídicas antes de a combinação ideal se impor. Como já mencionei, com os métodos atuais não somos capazes de detectar as formas de vida que podem ter sido criadas usando outras combinações. O que sabemos é que os micro-organismos foram a forma de vida predominante no planeta até aproximadamente 600, 700 milhões de anos atrás, então é provável que elas sejam muito mais comuns no restante do universo do que os corpos multicelulares. Essa especulação é reforçada pelo fato de toda vez que olhamos para o mundo microbiológico descobrirmos coisas antes consideradas impensáveis. Pode haver inclusive micro-organismos de origens alternativas se misturando com micro-organismos familiares sem que tenhamos conhecimento.

A questão da existência da biosfera sombria nos leva a outra questão, pois se ela de fato existir, como poderemos detectar esses microrganismos desconhecidos? A capacidade de identificar novas formas de vida — possivelmente microscópicas — pode ser fundamental na busca pela vida extraterrestre em outros planetas e fora do nosso sistema solar. As ferramentas usadas atualmente pelos microbiologistas para explorar o mundo microbiológico jamais poderão detectar formas de vida diferentes daquelas já conhecidas na Terra. E de que serviria uma ferramenta de parâmetros terrestres em outros planetas? Certamente não para muita coisa. Mas, como criar uma ferramenta para detectar formas de vida de origem desconhecida e constituição sem paralelos? É preciso começar a procurar os alienígenas aqui mesmo, na Terra.


By Carol Cleland, Alex Dunbar 

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