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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Regulação da Expressão Gênica


As células são especializadas em tarefas específicas. As proteínas produzidas em uma célula neural são diferentes das produzidas pelo linfócito. Ainda que as células neurais e linfócitos sejam diferentes na forma e função, carregam os mesmos genes.
A especialização celular ocorre através da regulação gênica: todas as células no organismo carregam a mesma informação genética, mas apenas um conjunto de genes é expresso em cada tipo celular. A regulação da expressão gênica pode ocorrer em diferentes níveis:
- transcrição
- processamento do mRNA (retirada dos Íntrons)
- transporte do mRNA
- estabilidade do mRNA
- tradução
- pós-traducional (fosforilação, glicosilação, metilação)
- interação com outras proteínas.

Estrutura do RNA Mensageiro
O mRNA funciona como molde para síntese de proteínas carrega a informação genética do DNA ao ribossomo e indica a ordem dos aminoácidos. O mRNA possui três regiões primárias: 5’ não traduzida (5’ UTR), uma sequência de nucleotídeos que não codifica aminoácidos; região codificadora da proteína, que compreende os Códons que especificam a sequência de aminoácidos, inicia com um start Códon e termina com um stop Códon; e 3’ não traduzida (3’ UTR), que afeta a estabilidade do mRNA e a tradução da sequência codificadora da proteína.

Processamento do Pré-mRNA
Nas células eucariotas a transcrição ocorre no núcleo, e a tradução ocorre no citoplasma, com isso, o RNA pode ser modificado antes de ser traduzido. O transcrito inicial é chamado pré-mRNA, e o transcrito maduro é denominado RNA.
O pré-mRNA é modificado na terminação 5’ pela adição de uma estrutura chamada cap 5’. Consiste na adição de um nucleotídeo extra na terminação 5’, da metilação pela adição de um grupo metil à base do nucleotídeo recém-adicionado e a adição de um grupo –OH no açúcar de um ou mais nucleotídeos. Proteínas reconhecem o cap 5’ e se ligam; um ribossomo liga-se a proteína e se move ao longo do RNA até que o start Códon é atingido e a transcrição se inicia. A presença do cap 5’ também aumenta a estabilidade do mRNA e influencia a remoção dos Íntrons.
O RNA maduro contém entre 50 a 250 adeninas na porção 3’, esta estrutura é chamada cauda polyA. Estes nucleotídeos não são codificados no DNA, mas são adicionados após a transcrição em um processo chamado poliadenilação. A cauda polyA confere estabilidade ao RNA, aumentando o tempo pelo qual o mRNA permanece intacto e disponível para a tradução antes da degradação.
Outra grande modificação que ocorre no pré-mRNA é a remoção dos Íntrons pelo processo chamado de splicing. O splicing requer a presença de três sequências no Íntron: o final do Íntron é chamado splice site 5’ e a outra terminação é o splice site 3; a terceira sequência é o branch point, que é uma adenina que está a 18 a 40 nucleotídeos do splice site 3’. A remoção de um Íntron é um processo em dois passos: (1) a terminação 5’ é clivada e ligada ao branch point; (2) a terminação 3’ é clivada e as duas terminações são unidas. Estas reações ocorrem em um complexo chamado spliceossomo, que consiste em diversas moléculas de RNA e proteínas.
Um processo que ocorre com frequência é o splicing alternativo, no qual um único pré-mRNA é processado em formas diferentes para produzir diferentes tipos de mRNA através da união de diferentes Códons, o que resulta na produção de diferentes formas de proteínas a partir de um único DNA.

Unidade de transcrição
A unidade de transcrição é de DNA codifica uma molécula de RNA e as sequências necessárias para sua transcrição. Na unidade de transcrição há três regiões críticas: região promotora, sequência codificadora de RNA e região de terminação.
O promotor é uma sequência de DNA reconhecida pelo aparato de transcrição, onde se liga, indicando a sequência a ser lida e a direção da transcrição. O promotor também determina o ponto inicial, isto é o primeiro nucleotídeo que será transcrito em RNA. Na região promotora encontram-se os elementos regulatórios, chamados elementos cis, que são sequências específicas da região promotora reconhecidas por fatores de transcrição –  sítio de ligação do complexo basal de inicio da transcrição. Na região promotora há também as sequências consenso.
Uma destas sequências é o TATA box, que tem uma sequência de nucleotídeos TATAAA e está localizada a -25 a -30bp antes do local de início da transcrição, o TATA Box determina o sítio de início da transcrição. Outras sequências consenso são o CAAT e GC boxes que regulam a frequência da transcrição.
Há outras estruturas que influenciam o processo de transcrição:
- enhancers: sequências específicas distantes da região promotora do gene que possuem a habilidade de elevar a taxa de transcrição gênica; estes elementos podem ser encontrados acima ou abaixo do gene, no meio dos Íntrons ou na região intragênica;
- silencers: semelhante aos enhancers, mas atuam inibindo a transcrição por três processos – (1) competição com o ativador no sítio de transcrição; (2) interação com o domínio de ativação; (3) interação com fatores de transcrição geral.

Processo de transcrição
O processo de transcrição compreende as fases de iniciação, alongamento e terminação. Inicialmente é necessária a formação do complexo basal de início da transcrição, onde as proteínas relacionadas com a transcrição reconhecem seus sítios. O complexo basal de início da transcrição é formado pela RNA polimerase e fatores de transcrição.
Posteriormente ocorre a iniciação, onde os ativadores transcricionais levam à ativação do complexo formado anteriormente. Ocorre então o escape do promotor, que é à saída da RNA polimerase II do promotor para iniciar a transcrição propriamente dita. Após a iniciação, ocorre o alongamento, que é a transcrição propriamente dita, ou seja, a síntese do mRNA a partir do molde de DNA. Finalmente ocorre a terminação, que se dá quando as sequências chamadas terminators são transcritas.

Modificações pós-traducionais
Além das modificações durante a transcrição, ocorrem modificações nas proteínas após a tradução. Muitas proteínas após serem sintetizadas, permanecem na célula em uma forma inativa. Para serem ativadas precisam sofrer modificações, tais como, fosforilação, metilação e glicosilação. Além disso, algumas proteínas só são ativas na forma de “multímeros” – homodímeros ou heretodímeros.
Outro fenômeno que influencia a expressão gênica é a degradação das proteínas. A degradação ocorre nos proteossomos que degradam proteínas ubiquitinizadas. A degração das proteínas é considerada o último passo no processo de regulação gênica.
Foram apresentados processos que influenciam na regulação gênica, com efeito final sobre o fenótipo.

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