As células são especializadas em tarefas específicas. As proteínas
produzidas em uma célula neural são diferentes das produzidas pelo linfócito.
Ainda que as células neurais e linfócitos sejam diferentes na forma e função,
carregam os mesmos genes.
A especialização celular ocorre através da regulação gênica: todas as
células no organismo carregam a mesma informação genética, mas apenas um
conjunto de genes é expresso em cada tipo celular. A regulação da expressão
gênica pode ocorrer em diferentes níveis:
- transcrição
- processamento do mRNA (retirada dos Íntrons)
- transporte do mRNA
- estabilidade do mRNA
- tradução
- pós-traducional (fosforilação, glicosilação, metilação)
- interação com outras proteínas.
Estrutura do RNA Mensageiro
O mRNA funciona como molde para síntese de proteínas carrega a
informação genética do DNA ao ribossomo e indica a ordem dos aminoácidos. O
mRNA possui três regiões primárias: 5’ não traduzida (5’ UTR), uma sequência de
nucleotídeos que não codifica aminoácidos; região codificadora da proteína, que
compreende os Códons que especificam a sequência de aminoácidos, inicia com um start Códon e termina com um stop Códon; e 3’ não traduzida (3’ UTR),
que afeta a estabilidade do mRNA e a tradução da sequência codificadora da
proteína.
Processamento do Pré-mRNA
Nas células eucariotas a transcrição ocorre no núcleo, e a tradução
ocorre no citoplasma, com isso, o RNA pode ser modificado antes de ser
traduzido. O transcrito inicial é chamado pré-mRNA, e o transcrito maduro é
denominado RNA.
O pré-mRNA é modificado na terminação 5’ pela adição de uma estrutura
chamada cap 5’. Consiste na
adição de um nucleotídeo extra na terminação 5’, da metilação pela adição de um
grupo metil à base do nucleotídeo recém-adicionado e a adição de um grupo –OH
no açúcar de um ou mais nucleotídeos. Proteínas reconhecem o cap 5’ e se ligam; um ribossomo liga-se a
proteína e se move ao longo do RNA até que o start Códon é atingido e a transcrição se inicia. A presença do cap 5’ também aumenta a estabilidade do mRNA
e influencia a remoção dos Íntrons.
O RNA maduro contém entre 50 a 250 adeninas na porção 3’, esta estrutura
é chamada cauda polyA. Estes nucleotídeos não são codificados no DNA, mas são
adicionados após a transcrição em um processo chamado poliadenilação. A cauda
polyA confere estabilidade ao RNA, aumentando o tempo pelo qual o mRNA
permanece intacto e disponível para a tradução antes da degradação.
Outra grande modificação que ocorre no pré-mRNA é a remoção dos Íntrons
pelo processo chamado de splicing. O splicing requer a presença de três sequências
no Íntron: o final do Íntron é chamado splice site 5’ e a outra terminação é o splice site 3; a terceira sequência é o branch point, que é uma adenina
que está a 18 a 40 nucleotídeos do splice site 3’. A remoção de um
Íntron é um processo em dois passos: (1) a terminação 5’ é clivada e ligada ao branch point; (2) a terminação 3’
é clivada e as duas terminações são unidas. Estas reações ocorrem em um
complexo chamado spliceossomo, que consiste em diversas moléculas de RNA e
proteínas.
Um processo que ocorre com frequência é o splicing alternativo, no qual um único pré-mRNA é processado em formas diferentes
para produzir diferentes tipos de mRNA através da união de diferentes Códons, o
que resulta na produção de diferentes formas de proteínas a partir de um único
DNA.
Unidade de transcrição
A unidade de transcrição é de DNA codifica uma molécula de RNA e as
sequências necessárias para sua transcrição. Na unidade de transcrição há três
regiões críticas: região promotora, sequência codificadora de RNA e região de
terminação.
O promotor é uma sequência de DNA reconhecida pelo aparato de
transcrição, onde se liga, indicando a sequência a ser lida e a direção da
transcrição. O promotor também determina o ponto inicial, isto é o primeiro
nucleotídeo que será transcrito em RNA. Na região promotora encontram-se os
elementos regulatórios, chamados elementos cis, que são
sequências específicas da região promotora reconhecidas por fatores de
transcrição – sítio de ligação do complexo basal de
inicio da transcrição. Na região promotora há também as sequências consenso.
Uma destas sequências é o TATA box, que tem uma
sequência de nucleotídeos TATAAA e está localizada a -25 a -30bp antes do local
de início da transcrição, o TATA Box determina o sítio de início da transcrição. Outras sequências consenso
são o CAAT e GC boxes que regulam a frequência da transcrição.
Há outras estruturas que influenciam o processo de transcrição:
- enhancers: sequências específicas distantes da região promotora do gene que
possuem a habilidade de elevar a taxa de transcrição gênica; estes elementos
podem ser encontrados acima ou abaixo do gene, no meio dos Íntrons ou na região
intragênica;
- silencers: semelhante aos enhancers, mas atuam inibindo a transcrição por três processos – (1) competição com
o ativador no sítio de transcrição; (2) interação com o domínio de ativação;
(3) interação com fatores de transcrição geral.
Processo de transcrição
O processo de transcrição compreende as fases de iniciação, alongamento
e terminação. Inicialmente é necessária a formação do complexo basal de início
da transcrição, onde as proteínas relacionadas com a transcrição reconhecem
seus sítios. O complexo basal de início da transcrição é formado pela RNA
polimerase e fatores de transcrição.
Posteriormente ocorre a iniciação, onde os ativadores transcricionais
levam à ativação do complexo formado anteriormente. Ocorre então o escape do
promotor, que é à saída da RNA polimerase II do promotor para iniciar a
transcrição propriamente dita. Após a iniciação, ocorre o alongamento, que é a
transcrição propriamente dita, ou seja, a síntese do mRNA a partir do molde de
DNA. Finalmente ocorre a terminação, que se dá quando as sequências chamadas terminators são transcritas.
Modificações pós-traducionais
Além das modificações durante a transcrição, ocorrem modificações nas
proteínas após a tradução. Muitas proteínas após serem sintetizadas, permanecem
na célula em uma forma inativa. Para serem ativadas precisam sofrer
modificações, tais como, fosforilação, metilação e glicosilação. Além disso,
algumas proteínas só são ativas na forma de “multímeros” – homodímeros ou
heretodímeros.
Outro fenômeno que influencia a expressão gênica é a degradação das
proteínas. A degradação ocorre nos proteossomos que degradam proteínas
ubiquitinizadas. A degração das proteínas é considerada o último passo no processo
de regulação gênica.
Foram apresentados processos que influenciam na regulação gênica, com
efeito final sobre o fenótipo.
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