Estudo feito com 308 idosos estabelece relação
entre a genética e a longevidade
A receita para uma vida longa e
saudável não está apenas em manter boa alimentação, hábitos regrados e uma
pitada de sorte. Cientistas americanos anunciaram na semana passada que o
segredo para uma velhice duradoura e com qualidade pode residir no interior de
nossas células, mais exatamente no cromossomo quatro.
Para chegar a essa conclusão,
estudiosos de cinco centros de pesquisa, entre eles a renomada escola de
medicina da Universidade de Harvard, nos EUA, compararam o código genético de
308 idosos, divididos em 137 grupos de irmãos – todos com mais de 90 anos, e
pelo menos um deles com mais de 98 anos. Os cientistas descobriram que o grupo
tem semelhanças numa região do cromossomo quatro, onde há de 100 a 500 genes.
“Está claro para nós que a longevidade tem um componente genético”, diz o
geneticista Louis Kunkel, um dos responsáveis pela pesquisa. “É o primeiro
estudo que usou humanos para achar genes que interferem na duração da vida”,
completa o geriatra Thomas Perls, outro participante do estudo publicado pela
Academia Nacional de Ciências dos EUA.
Os cientistas acreditam que
alguns desses genes fabricam uma proteína que pode evitar males ligados ao envelhecimento,
como doenças cardíacas, derrames, diabete, mal de Alzheimer e até mesmo câncer.
Ou seja, o gene não seria diretamente responsável por uma vida mais longa, mas
adiaria o surgimento de problemas típicos de quem atinge idade avançada.
“Quando forem localizados esses
genes, a ciência poderá compreender quais proteínas eles produzem e fabricar
remédios que ativem esse mesmo comportamento genético”, supõe o professor de
genética médica Walter Pinto Jr., da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp).
A tarefa de identificar o segredo genético da longa vida não
será fácil. “Dos mais de 500 genes desse cromossomo, menos de uma dezena deles
pode ser responsável pela longevidade”, diz Kunkel. Até então, estimava-se que
a longevidade humana era determinada por mais de mil genes. Na busca pelo
elixir da vida eterna, no ano passado um grupo de cientistas conseguiu
triplicar a vida de uma mosca-da-fruta, após alterá-la geneticamente.
No útero, a fábrica dos
sexos
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Não adianta reclamar: quem determina o sexo do
recém-nascido é o pai. A mãe, nesses casos, não dá a última palavra. Isso
porque, no óvulo, fornecido pela mãe, existem 23 cromossomos, todos iguais,
com a forma parecida à de um X. Nada muda. Mas no espermatozóide fornecido
pelo pai, entre os 23 cromossomos, pode haver um com a forma de um Y.
É quando começa a loteria: a união de um cromossomo Y com um X do óvulo gera um menino; o X com outro X faz nascer uma menina. A diferença, porém, só irá se manifestar entre a sétima e a décima semana de vida do embrião. Após esse período, o cromossomo Y faz com que certos tecidos, cuja tendência seria formar ovários ou glândulas sexuais femininas, se transformem em testículos, as glândulas sexuais masculinas. Ao que parece, a pequena produção de hormônio no feto também leva o cérebro do bebê a funcionar de maneira diferente, como menino ou como menina. É a receita para Adão e Eva. |
A porção mulher |
A porção homem
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Glândulas lacrimais
A prolactina deixa a mulher mais chorona Voz É mais fina que a do homem e suas cordas vocais vibram menos Audição Exames mostram que a mulher escuta melhor que o homem Ossos São mais fracos e depois dos 50 anos tendem a fraturar mais Gordura É mais concentrada, principalmente nas coxas e nos quadris Fome Sente menos, a não ser quando o problema é fruto de ansiedade |
Coração
Mais sujeito a desenvolver distúrbios cardíacos, colesterol mais alto Cérebro É maior que o da mulher, mas isso não significa que seja mais inteligente Pêlos É mais peludo e sua pele tende a ser mais oleosa. Também transpira mais Sistema digestivo Tem mais úlcera, digestão rápida e menos prisão de ventre Músculos Mais robusto, pesado e forte, com melhor desempenho nos esportes Pulmões Mais fôlego que a mulher. É melhor em exercícios aeróbios |
A testosterona e o Vietnã
A testosterona, ou hormônio sexual masculino, por exemplo, parece ser tão
importante para o desenvolvimento que até as mulheres possuem uma pequena
quantidade - cerca de 6% do total masculino. No caso do homem, garante ossos
fortes, voz grossa, fibras musculares maiores e fertilidade. Garante também a
competitividade. Isso já foi provado em maratonas esportivas e até de xadrez. A
testosterona aumenta quando o jogador ganha e cai quando ele perde. Um estudo
nos EUA com veteranos do Vietnã mostrou que soldados com maiores níveis de
testosterona participaram com mais freqüência de missões perigosas. Outro
estudo com mais de 700 presidiários constatou que os mais violentos tinham
níveis altos de testosterona.
O estudo em um presídio feminino obteve resultados semelhantes. Isso também
pode ser observado em hienas. As fêmeas, expostas à testosterona bombeada pela
placenta no útero, são mais agressivas que os machos, o que não interfere na
procriação. O estrógeno, hormônio feminino, também afeta (muito) o
comportamento das mulheres. Quando ele está em falta, a memória falha e o
pensamento se confunde. Até os altos e baixos do ciclo menstrual interferem na
conversa e na habilidade de localização espacial. Pesquisadores da Universidade
McGill, em Montreal, no Canadá, estudaram o efeito produzido pela terapia de
reposição hormonal em mulheres que tiveram o ovário extirpado e, portanto,
produziam pouco estrógeno. Aquelas que receberam hormônio tinham mais
facilidade de raciocínio e de comunicação do que aquelas que receberam placebo.
A influência do
estrógeno ainda não está bem explicada, mas o hormônio provoca o aumento no
número de conexões entre as células nervosas e o hipocampo, a região do cérebro
ligada à memória. O estrógeno, ao que parece, também aumenta a produção de
acetilcolina, um dos neurotransmissores em baixa nos pacientes de mal de
Alzheimer - doença que provoca demência em pessoas mais velhas. Um estudo
realizado no Hospital Mount Sinai, em Nova York, mostrou que mulheres com
Alzheimer ficavam mais alertas, comiam, dormiam e se relacionavam melhor depois
de receber o hormônio. Curiosamente, estudo semelhante, realizado com
testosterona, mostrou que o hormônio também ajudava os pacientes do sexo
masculino.
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